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Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

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29
Abr17

Ary dos Santos no Facebook - Era uma vez um país

olhar para o mundo

arydossantos.jpg

 

 

Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.

Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

 

 

Lisboa, Julho-Agosto de 1975

«As Portas que Abril Abriu«
José Carlos Ary dos Santos

 

17
Mar17

AGUENTA - Fundo preto

olhar para o mundo

 

 

Criação e Interpretação: Diana Costa e Silva e Rafaela Covas
Texto: Diana Costa e Silva
Realização: Miguel Marques
Música Original: António Neves da Silva

 

AGUENTA:
Vim aqui hoje para te dizer
Que quem não pára, devora.
Porque é que agarro o ontem e o amanhã
Se temos, agora, o agora?
Que sentido tem falar tão alto,
Quando o outro está já ali?
Esta pressa do nunca há tempo.
Tento não pisar a merda dos cães enquanto caminho,
Aguento o barulho do vizinho,
Passo horas cibernéticas a descomunicar,
Desumanizar, enquanto caminho.
Desejo. Beijo. Deixo.
Solitariamente.
Irreflectidamente.
Egocêntrica. mente.
Aguenta.
Vim aqui hoje para te dizer 
Que te podes demorar,
Respirar mais silêncio,
Reaprender o devagar.
Que sentido tem esta urgência de tudo, já?
Consome rápido que vai acabar,
Se não tens, corre e vai comprar.
Já não presta, deita fora.
Quero novo para estragar.
Chupa. Estraga. Chuta.
Rapidamente.
Avidamente.
Inconsequente. mente.
Aguenta.
Vim aqui hoje para te dizer
Que venho devagar,
Com tempo para gastar,
Tempo que não se perde.
Tenho comigo todo o tempo que me permito,
Tempo com tempo,
Do sem tempo me demito.
Vim aqui hoje, sem roupa, sem cabelo, sem brincos, sem medo, sem dores de cotovelo, sem regras, sem rancor, sem juízos de valor.
Com tudo o que preciso, para ficar, ainda.
© Diana Costa e Silva 2016

 

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02
Mar17

Frases de Fernando Pessoa no Facebook - é fácil trocar as palavras, difícil é intrepretar os silêncios

olhar para o mundo

pessoa4.jpg

 

 

É fácil trocar as palavras
Dificil é interpretar os silêncios!
 
É fácil caminhar lado a lado,
Difícil é saber como se encontrar!

 

É fácil beijar o rosto,
Difícil é chegar ao coração!

É fácil apertar as mãos,
Difícil é reter o calor!

É fácil sentir o amor,
Difícil é conter sua torrente!

Como é por dentro outra pessoa?
Quem é que o saberá sonhar?

A alma de outrem é outro universo
Com que não há comunicação possível,
Com que não há verdadeiro entendimento.

Nada sabemos da alma
Senão da nossa;

As dos outros são olhares,
São gestos, são palavras,

Com a suposição
De qualquer semelhança no fundo.”

 
Fernando Pessoa

 

13
Jan17

Frases de Fernando Pessoa no Facebook - Se às vezes digo que as flores sorriem

olhar para o mundo

caeiro.jpg

 

 

Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XXXI"
Heterónimo de Fernando Pessoa

 

21
Nov16

Frases do Facebook - Ela era poesia ... ele, não sabia ler

olhar para o mundo

poesia.jpg

 

 

Ela era poesia, sempre foi.

 

Rica em cada detalhe, delicada com uma flor. Ela tentava explicar, mas de nada adiantava.

 

Ele só entendia de rabiscos.

 

Ela se esforçava, tentava. Em vão, talvez? Ele até tentou, fingiu que tentou, cansou. Não conseguia, ela era complexa demais! Exigia tempo, compreensão, carinho, afeto, amor, e um cara maduro, que soubesse interpretar seus sinais.

 

Ela não estava errada. Ela era igual a todas. Ele é que era diferente. Não suportava um pingo d’água. Não estava acostumado em doar-se a uma outra pessoa de pura e simples vontade. 

 

Cobrava, mas não sabia retribuir.

 

Ela ligava, se importava, cuidava. O que ela quer, afinal?  Estava ali, estampado na cara de todos. O único que não enxergava era ele próprio. Parecia demais para sua cabecinha. Era como se entregasse uma folha escrita para alguém que não sabia ler.

 

Ele não soube interpretar.

 

Começou a rasurá-la. Brigas, discussões, seu coração virava milhões de cacos, mas aos poucos ela ia o reconstruindo. Tentou mostrar de todas as formas. 

Cansou.

 

 

Ele só entendia rascunhos, ela era uma obra prima.

 

 

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