Sempre que houver alternativas, tenha cuidado. Não opte pelo conveniente, pelo confortável, pelo respeitável, pelo socialmente aceitável, pelo honroso. Opte pelo que faz o seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências.
Quem é mais conhecido nos dias de hoje? A Madre Teresa de Calcutá ou Hitler? A Irmã Dulce ou Osama Bin Laden?
De alguma maneira parece que a força dos maus é superior à força dos bons. Pois aqueles que se dedicam à bondade seguem a voz da própria alma. Se alimentam da simplicidade, da compaixão e do amor. Já aqueles que se tornaram ícones da maldade humana foram atraídos pela ganância, e pelo poder. A bondade alimenta o indivíduo que a pratica.
A maldade alimenta o poder e o domínio do seu líder. Por isso a herança de horror e sofrimento vividos na era da Alemanha nazista carrega uma força muito superior ao legado de bondade deixado pela Madre Teresa de Calcutá. É uma questão de escala. Os praticantes da maldade, ao longo da história da humanidade, conseguiram atingir muito mais gente que os que se dedicaram à paz e à bondade.
Os homens são dotados de inteligência estratégica certamente para um objetivo positivo. Mas essa mesma inteligência, se aliada ao desejo negativo, pode provocar as maiores atrocidades… Por isso que a história humana já assistiu explosões de bombas atômicas, guerras, escravidões, golpes militares e demais horrores. E a herança deixada no rastro do tempo demora a se dissipar.
Mundo bom se faz com bondade. Não importa em que escala. Creio que o futuro que queremos está nas mãos de vários que, pouco a pouco semeiam beleza e paz no mundo. Meu pai contava que numa visita à Italia conheceu um pé de caqui “neto” de um raro sobrevivente das explosões das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. Emocionado, pediu autorização para pegar três folhas da frondosa árvore e as enquadrou, como símbolo de vida. Hoje elas estão comigo na minha sala. Não podia ser diferente… Árvores são mansas e têm o dom de se reconstruir lentamente, sem esperar que outros a assistam.
Como Alberto Caeiro escreveu: “Sejamos simples e calmos, como os regatos e árvores, e Deus amar-nos-á fazendo de nós belos como as árvores e os regatos, e um rio aonde ir ter quando acabemos…”
Eu sonho com um mundo manso e pacífico… Espero que a natureza seja a nossa mestra até que a força dos bons deixe a maldade cair no esquecimento…
Arquiteta por formação, hoje dedica-se integralmente a presidir o Instituto Rubem Alves, criado para manter vivo o pensamento de seu pai, difundir a sua obra e capacitar novos mestres.
É mais fácil construir crianças fortes do que consertar homens quebrados
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