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Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

15
Jan16

João Labrincha - Se for pelas crianças, pode ser. Pelos homossexuais, valha-nos deus, nem pensar

olhar para o mundo

Texto de João Labrincha

 

Se for pelas crianças, pode ser. Pelos homossexuais, valha-nos deus, nem pensar

 

Eu sou intolerante com a intolerância: é tempo de apontar os dedos a quem atenta contra o direito constitucional (e humano) da igualdade.

 

A filósofa Hannah Arendt explica que, quando as elites pensantes (e nestas incluo os nossos deputados - mas não todos) têm atitudes autoritárias ou discriminatórias, logo os fascistazinhos de esquina se sentem legitimados a sair da toca. Envergam a espada ideológica de uma suposta cruzada em nome da sociedade que, dizem, desmoronará caso o superior interesse da criança seja maculado pela proximidade de alguém com uma orientação não-heterossexual. Agem segundo o que acreditam ser o seu dever, cumprindo ordens superiores (divinas, em algumas das suas alucinações pseudo-religiosas), movidos pelo desejo de ascender na carreira profissional-política, como o jota Hugo Soares ou, simplesmente, por desejarem notoriedade na comunicação social ou no seu bairro. A isto chama-lhe banalização do mal.

 

Educação moralista, machista e católica

Acredito que algumas pessoas o façam pela educação moralista, machista e católica que tiveram. Mas também é essa educação o motivo que leva alguns homens a espancar as esposas e namoradas porque se atreveram a colocar um pé fora de casa ou porque trocaram um olhar com outra pessoa. Devemos desculpabiliza-los? Nunca! Eu sou intolerante com a intolerância: é tempo de apontar os dedos a quem atenta contra o direito constitucional (e humano) da igualdade. Porque a teoria de que se é mais democrático por aceitar atos e ditos anti-democráticos ou fascistas é isso mesmo: fascista.

 

Por isso, quando vejo argumentações como a de que a possibilidade de coadoção em famílias homoafetivas não serve exclusivamente para defender as crianças mas que tem o “pecado” de reconhecer direitos a homossexuais, como se tal fosse uma coisa negativa, não posso deixar de me indignar. Sim, serviria para proteger as crianças e, sim, serviria para colocar os homossexuais portugueses ao lado de todos os outros na Europa Ocidental e noutros países democráticos do Mundo. Em pé de igualdade com as outras pessoas, independentemente da sua orientação sexual.

 

Pugnar pelos Direitos Humanos, de adultos ou de crianças, não deveria ser um problema. Deveria ser um orgulho e um ato diário, com as nossas famílias, nas escolas ou locais de trabalho.

 

Desta vez não passou a legislação que permitia o reconhecimento da dignidade de famílias que já existem de facto, por muito poucos votos no Parlamento. E assim permanecemos ao lado de países como a Rússia, o Uganda e a China ao não permitir que, por exemplo, os filhos herdem bens, ou que pais e mães de toda uma vida não possam assumir as responsabilidades parentais em caso de morte do outro cônjuge. O que continuará a acontecer é, portanto, a possibilidade de crianças que já têm uma família poderem, de um momento para o outro, perde-la e serem entregues a familiares longínquos ou até a instituições sociais. E, nos adultos, a manutenção de uma discriminação legal que insulta, descredibiliza e acusa pessoas de não terem dignidade para serem responsáveis por cuidar de crianças – de que sempre cuidaram - apenas porque têm uma orientação não-heterossexual. Prejudicar seres humanos, sejam crianças ou adultos, com base numa suposta superioridade moral imaculada dos heterossexuais é, para mim, extremamente desumano.

 

Texto de João Labrincha 

retirado do P3

12
Jan16

Removed - A história de uma adopção

olhar para o mundo

 

 

We made ReMoved with the desire that it would be used to serve in bringing awareness, encourage, and be useful in foster parent training, and raising up foster parents. .
If you would like to use the film for any of these reasons, the answer is yes.
If you need a downloadable version, you can download it here:
vimeo.com/ondemand/removed

Originally created for the 168 Film Festival, ReMoved follows the emotional story through the eyes of a young girl taken from her home and placed into foster care.

After winning Best Film and Audience Choice at the 168 Film Festival, as well as winning Best Film at the Enfoque Film Festival and being an official selection at the Santa Barbara Independent Film Festival, we're extremely excited to share ReMoved online.

"It would be impossible to fully understand the life and emotions of a child going through the foster care system, but this short narrative film portrays that saga in a poetic light, with brushes of fear, anger, sadness, and a tiny bit of hope." -Santa Barbara Independent

This short film wouldn't be possible without the help of some of my incredible friends.
First, my wife, who schemed this project up with me, and was willing to do me the huge favor of writing and producing it. Without her partnership, this would not have happened, and definitely would not have been such a fun process. We were inspired to create this film while in foster parent training.

And then of course Tony Cruz. I asked him early on if he'd be willing to tackle this with me. I wasn't sure if I was really going to pursue it unless he said yes. He graciously agreed and was, to me, a huge source of confidence in knowing this project would turn out well. He and i discussed everything during the pre-production, and i counted on his creative mind to keep me on the right path. He even persuaded another key creative on the project, Greg Pickard, to join us. On Set Tony was my right hand man. On set, if I just wasn't feeling it, I had the trust in him to be able to just hand the scene off to him and know he would make it work. And he stepped in plenty of times when i just needed a break, or a separate perspective. Some of the best moments in the film are of his doing. Go check him out at tonycruz.co

We were very fortunate with Abby White, the young actress. Without her we wouldn't have a film. 

Her parents were so amazing as well. I don't think they anticipated how much involvement it would take on their end, but they stuck with it the whole way. Abby's dad, Andy White from Good Times Guitar, even recorded Abby's Voice Over for us in his studio.

24
Nov15

ADOPTAR É AMAR - Vera Sacramento

olhar para o mundo

crianças5.jpg

 

Raramente consigo tomar o pequeno-almoço descansada. Tenho o terrível hábito de me perder nas conversas das pessoas que frequentam a pastelaria onde vou todas as manhãs, ouvindo atentamente aquilo que dizem, avaliando as suas opiniões e ideias como se fosse uma agente infiltrada, vampirizando as suas histórias. Ontem o dia afigurava-se fraco e desinteressante para vampiros como eu. Preparava-me para sair quando subitamente alguém lança o seguinte comentário nas minhas costas “Espero bem que aquela história dos gays poderem adotar crianças não vá para a frente! É uma anormalidade. Um nojo!”. Tentei controlar o instinto de me virar para trás mas a curiosidade e a indignação levaram a melhor. Virei-me. Na mesa junto à janela estavam duas mulheres na casa dos quarenta e um miúdo que não deveria ter mais de cinco. Enquanto elas conversavam o miúdo rabiscava um livro para colorir, tocando no braço da mãe de quando em vez para pedir a palavra. Irritada, a mulher continuou a dissertar sobre o tema da adopção por casais do mesmo sexo sem ligar a menor importância ao filho, como se procurasse validação para as suas certezas inabaláveis: “Imagina um casal de bichas a adoptar um miúdo da idade do meu! Como é que ficava a cabeça da pobre criança? E o que ia sofrer na escola, a ser gozado por toda a gente? É ridículo!”. “Até pode ser perigoso” – acrescentou a outra, enquanto o rapaz puxava a camisola da mãe, reclamando novamente atenção “dois homens a viverem sozinhos com um miúdo… ainda para mais com o que se ouve por aí da pedofilia! Só um bando de irresponsáveis é que aprova uma coisa dessas”. Naquele momento olhei em volta para tentar perceber se mais alguém se sentia incomodado com aquele chorrilho de alarvidades mas rapidamente constatei que estava sozinha. Os senhores da mesa em frente discutiam as gordas de um jornal desportivo enquanto o casal encostado ao balcão folheava o catálogo de uma imobiliária. Quem na verdade estava incomodado com a conversa era o miúdo, não propriamente pelos disparates que iam sendo ditos, mas porque a mãe se recusara a ouvi-lo. Resignado, dirigiu-se à casa de banho para regressar alguns minutos mais tarde com as calças todas molhadas. Só nessa altura é que a mulher, acérrima defensora da moral e dos bons costumes, olhou para o filho e reagiu: “Mas será possível, Filipe? Só fazes asneiras, caramba! Senta-te aqui quieto antes que eu me passe da cabeça e te dê dois tabefes!“. Naquele momento tive uma enorme vontade de me levantar da cadeira e dar dois tabefes. A ela, naturalmente. Não estivesse eu a atravessar uma fase mindful, ter-lhe-ia corrido mal. Apeteceu-me dizer-lhe que a capacidade de amar e educar uma criança nada tem a ver com a orientação sexual de cada um, e que ela, na verdade, era o melhor exemplo disso. Enquanto pregava em público o desprezo pelos homossexuais, passando-lhes um sumário atestado de incompetência parental, teve o filho ao lado, a pedir-lhe insistentemente um pouco de atenção, sem que parasse um segundo que fosse para o ouvir. Depois de refletir, achei que não valia a pena. Pessoas como aquela mulher estão demasiado presas às suas crenças, às suas representações internas, aos seus medos e ódios obscuros, para ouvirem vozes dissonantes. Para discorrerem sequer com um pouco de razoabilidade. Felizmente o universo encarregou-se de seguir o seu caminho fazendo justiça e, nesse mesmo dia, 20 de Novembro de 2015, após três tentativas falhadas na anterior legislatura, a Assembleia da República aprovou a eliminação dos obstáculos legais à adoção de crianças por casais do mesmo sexo.

Um dia histórico.

Uma valente bofetada… de luva branca.

 

Vera Sacramento

Retirado de Maria Capaz

 

06
Nov15

Marisa Matias - Co-adopção, a tua família não presta

olhar para o mundo

marisamatias.jpg

 

 

No passado dia 17 de janeiro, a maioria de direita cobriu-se de vergonha. Numa manobra parlamentar do mais reles que se tem visto, um moço de recados do PSD tirou da cartola um referendo ilegal, extemporâneo e absurdo. Ilegal porque faz duas perguntas, o que viola a lei do referendo, procurando misturar o tema em debate com outro que não o está. Extemporâneo, porque se propõe referendar matérias sobre as quais a Assembleia já deliberou, apenas porque, desta vez, o desfecho não foi do agrado do proponente. Absurdo, porque se propõe referendar o direito das crianças a viverem com os pais ou mães com quem cresceram.

 

Trata-se portanto de referendar um direito humano dos mais elementares que assistem a qualquer criança: o direito a ter uma família. Aqueles que passam a vida a falar da família rapidamente advogam a sua destruição quando esta não se conforma com o seu estreito modelo. Mesmo que isso signifique retirar a essas crianças qualquer hipótese de felicidade. A direita fala do direito da criança a ter um pai e uma mãe, mas o que pretende ao travar este projecto é, na realidade, criar órfãos à força. E não hesitou perante nenhum expediente para atingir tão lamentável objectivo.

 

Hugo Soares não se lembrou do referendo quando a direita chumbou a adoção por casais do mesmo sexo. Não se lembrou do referendo quando a proposta da coadoção foi apresentada. Não se lembrou do referendo quando essa proposta foi trabalhada em comissão durante cinco meses. Lembrou-se do referendo a três dias da aprovação final de uma lei que se limita a proteger famílias e crianças que existem, mesmo que Hugo Soares não as conheça ou reconheça.

 

O objectivo não é fazer nenhum referendo. A função deste truque é simplesmente iniciar uma trapalhada jurídica, envolvendo Parlamento, Tribunal Constitucional, Presidente, novamente o Parlamento, num processo feito para se arrastar por meses, lançando para as calendas o que a democracia já tinha decidido. É óbvio que não vai haver referendo, mas também não é essa a intenção. À falta de uma maioria, a direita só quer enrolar.

 

Claro que tudo isto só acontece com a bênção do primeiro-ministro. O moço Hugo Soares não apresentaria um requerimento para arranjar um chafariz sem pedir aos chefes. Passos Coelho alimenta este triste episódio, esperando que a novela que agora começa contribua para que se preste o mínimo atenção ao desastre que é o seu mandato. Quem não sabe governar distrai.

 

À má-fé do PSD juntou-se o calculismo do CDS. Numa intervenção insólita, o parceiro de coligação arrasou a proposta de referendo, dizendo que era inoportuna e falando de riscos constitucionais. Mesmo assim, decidiu viabilizá-la. Mas disse que não autorizava despesa para a sua realização. Está perdoado o leitor que não compreenda a posição do CDS. Ela é incompreensível.

 

Este não é um debate teórico. Imagine uma criança que cresceu com duas mães ou dois pais. Imagine que o pai ou mãe reconhecido morre ou fica incapacitado. Imagine que, a par do sofrimento de perder esse pai ou mãe, a criança é retirada à outra pessoa com quem cresceu e metida num orfanato. Imagine como um qualquer funcionário lhe explicará que a família com a qual cresceu não presta. Imagine que há quem defenda esta barbaridade, invocando o “interesse superior da criança”. Agora pare de imaginar. Não é um pesadelo. É simplesmente o ponto a que chega o fanatismo da nossa direita.

 

Marisa Matias

Socióloga, eurodeputada do Bloco de Esquerda

 

Retirado do Público

29
Out15

Adoptar rima com amar

olhar para o mundo

Adoptar rima com amar

Adoptar rima com amar

Eu acredito nas pessoas e acima de tudo no amor. Homossexuais ou não, pouco me importa, o que me importa é que são pessoas que amam e podem amar. E muito

Sou psicóloga. Já me perguntaram qual é a minha a opinião sobre a adopção/co-adopção por casais homossexuais. E a minha resposta é tão natural como o facto de me levantar todos os dias. Sou a favor! E há quem faça um ar espantado e até chocado. E pronto! Começa aqui a bola de explicações de pontos de vista.

 

Há certos assuntos, que não me atrevo a comentar, sem pensar e reflectir sobre eles. Considero-os demasiado sérios, para serem falados que nem conversa de café. Para além disto, estes assuntos, e principalmente a opinião que temos sobre eles, definem uma parte do que somos e queremos ser enquanto seres humanos neste mundo. Por isso, só depois de algumas conversas com os meus botões é que comecei a dar a minha opinião sobre este assunto.

 

Sou a favor da adopção de crianças por casais homossexuais, tal como sou a favor de qualquer casal ou pessoa, que decide num dos maiores gestos de amor que existem, adoptar uma criança e torná-la sua. Tão sua, que as relações de amor fazem esquecer qualquer não relação biológica.

 

Acredito que o amor é a base de tudo. Como tal, apoio as pessoas que alimentam com amor o crescimento de uma criança. Aliás, não digo nada que não tenha sido enunciado na teoria da vinculação de Bowlby e Ainsworth, que realçam a ligação entre a qualidade da vinculação durante a infância e as várias áreas do desenvolvimento social, cognitivo e emocional. A vinculação, neste contexto, é a necessidade de os indivíduos desenvolverem ligações afectivas de proximidade, com o objectivo de atingirem a segurança, que permite a exploração do eu, dos outros e do mundo, com confiança. Este processo influencia o desenvolvimento em geral e a saúde mental em particular.

 

E dizem vocês: “Isso é muito bonito, mas e quando as crianças forem para a escola? Vão ser vítimas de preconceito!”. Talvez. Mas cabe a nós, ao sistema social e à escola combater o preconceito e lidar com a questão de uma forma simples. Porque não juntar os meninos para fazer um trabalho sobre famílias, ou porque não contar uma história em que o/a protagonista, são filhos de pais homossexuais, ou só de um pai? Porque não explicar que todos somos diferentes?

 

Eu gosto de pão, o Zé não. Eu gosto de rapazes com pinta de surfistas, a Ana de raparigas com ar intelectual. E vocês acrescentam: “Mas se a criança tem pais homossexuais, vai ser homossexual” E vocês? São iguais aos vossos pais? Gostam de tudo o que eles gostam? Dizem tudo o que eles dizem? Então os filhos de pais criminosos, drogados, médicos ou advogados, também o vão ser, certo?

 

Concordo com uma análise e um acompanhamento de todos os casos de adopção, no sentido de ver se a família, seja de que tipo for, está preparada e tem condições para fazer crescer saudavelmente uma criança. Não estou de acordo com o facto de as crianças ficarem institucionalizadas, muitas vezes sem carinho, amor e sem perspectivas de futuro.

 

Eu acredito nas pessoas e acima de tudo no amor. Homossexuais ou não, pouco me importa, o que me importa é que são pessoas que amam e podem amar. E muito.

 

Isabel Cunha

 

Retirado do P3

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