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Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

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04
Ago16

Deixem-se de histerias - Fernanda Câncio

olhar para o mundo

fernandacancio.jpg

 

Deixem-se de histerias

As pessoas espantam-se com cada coisa. Agora é porque um tribunal superior diz que nas mulheres a atividade sexual serve sobretudo para a procriação, logo depois dos 50 e já tendo parido dois filhos não poder ter sexo não releva grande coisa para efeitos de indemnização por danos, e dá como assente que uma mulher deve cuidar do marido.


Isto no país e na semana em que, reagindo ao caso do homem que em Soure, Coimbra, matou a mulher e uma filha à facada e deixou outra filha ferida, um porta-voz da GNR disse ao DN: "É difícil perceber, ainda para mais quando se atacam os filhos. Pertence ao domínio da psicologia." Ora bem. Se o homem matasse só a mulher seria mais fácil perceber, até porque é o pão nosso de cada dia, a gente já não estranha (só até junho foram 24, uma por semana) - e, como daquele senhor tão engraçado chamado Palito que, estando com pulseira eletrónica por violência contra a ex-mulher foi de caçadeira para a matar e matou a ex-sogra e a irmã dela por se meterem à frente, diziam os populares (as populares, aliás) que o aplaudiram à porta do tribunal, "se fez aquilo alguma razão teria."


Aliás, como nos lembrou nesta mesma semana e neste mesmo país o presidente da Federação das Associações de Ciganos, contestando um projeto parlamentar de criminalização de casamentos forçados (de menores, portanto), o papel da mulher está muito bem definido e o resto são aberrações que podem levar os homens à loucura e o mundo à ruína: "A cigana é preparada para o casamento. As ciganas aprendem a lavar, a coser, a passar a ferro, a fazer tudo. Ao contrário da sociedade maioritária em que a maioria delas nem sabem fritar um ovo. Até se vê mulheres a conduzir um automóvel e os maridos a conduzir carrinhos de bebé. As nossas são 100% femininas, 100% donas de casa."


O mesmo país em que estas declarações passam sem uma única reação institucional de repúdio (fosse um muçulmano a debitá-las, ui), que é o mesmo país em que uma proposta de criminalizar o assédio sexual das mulheres na rua é acolhida com gozo - o argumento predileto é "só as feias não gostam" - e no qual a quebra da natalidade é invariavelmente imputada à "dificuldade de conciliar maternidade e trabalho", é também o mesmo em que uma loja pode apostar, como estratégia de marketing, num cartaz à porta a dizer "homens e cães podem entrar, mulheres não." Fosse "proibida a entrada a negros", "judeus" ou "ciganos", isso sim, era inaceitável, discriminatório, insultuoso. Mas é com mulheres, pá. Qual é o problema de discriminar e insultar as mulheres, que, toda a gente sabe, já não se podem queixar de falta de igualdade? Se calhar queriam valer mais do que os homens, ou ter um estatuto intocável, não? Um bocadinho de sentido de humor, vá. E digam lá se aquele acórdão, bem vistas as coisas, não é a nossa cara.

Fernanda Câncio

retirado do DN

23
Jun16

Rui Zink - A prova científica de que as mulheres não mentem

olhar para o mundo

Rui Zink

Os meus gatos estão sempre à espera que lhes dê comida. Pensam que eu sou parvo.
Os meus filhos estão sempre a pedir-me dinheiro para uma despesa extra. Pensam que eu sou parvo.
Os meus alunos regateiam sempre uma nota mais alta. Pensam que eu sou parvo.
Os meus superiores hierárquicos comem-me as papas na cabeça. Pensam que eu sou parvo.
As minhas personagens querem sempre finais felizes. Pensam que eu sou parvo.
Os meus leitores não me lêem. Pensam que eu sou parvo.
A minha mulher pen – «Eu posso falar por mim, Rui, não preciso que me cites e distorças as minhas palavras.»
OK…
«Eu não penso que tu sejas parvo.»
Não?? Maravilha!
«Não. Eu sei que tu és parvo.»
E pronto, é isto.

 

Rui Zink

 

Retirado de aqui

15
Jun16

José Luís Nunes Martins - Amar é arriscar tudo

olhar para o mundo

José Luís Nunes Martins

 

O amor é algo extraordinário e muito raro. Ao contrário do que se pensa não é universal, não está ao alcance de todos, muito poucos o mantêm aqui. Chama-se amor a muita coisa, desde todos os seus fingimentos até ao seu contrário: o egoísmo. 

A banalidade do gosto de ti porque gostas de mim é uma aberração intelectual e um sentimento mesquinho. Negócio estranho de contabilidade organizada. Amar na verdade, amar, é algo que poucos aguentam, prefere-se mudar o conceito de amor a trocar as voltas à vida quando esta parece tão confortável. 

Amar é dar a vida a um outro. A sua. A única. Arriscar tudo. Tudo. A magnífica beleza do amor reside na total ausência de planos de contingência. Quando se ama, entrega-se a vida toda, ali, desprotegido, correndo o tremendo risco de ficar completamente só, assumindo-o com coragem e dando um passo adiante. Por isso a morte pode tão pouco diante do amor. Quase nada. Ama-se por cima da morte, porquanto o fim não é o momento em que as coisas se separam, mas o ponto em que acabam. 

Não é por respirar que estamos vivos, mas é por não amar que estamos mortos. 

De pouco vale viver uma vida inteira se não sentirmos que o mais valioso que temos, o que somos, não é para nós, serve precisamente para oferecermos. Sim, sem porquê nem para quê. Sim, de mãos abertas. Sim... porque, ainda além de tudo o que aqui existe, há um mundo onde vivem para sempre todos os que ousaram amar... 

José Luís Nunes Martins, in 'Filosofias - 79 Reflexões' 

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