Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

14
Jul16

Álvaro Cunhal - Encaminhamo-nos para uma Grave Crise

olhar para o mundo

Alvaro_Cunhal.jpg

 

Encaminhamo-nos para uma Grave Crise

A situação económica tem-se agravado e tenderá a agravar-se. Tendo causas estruturais, as dificuldades da economia não podem ser vencidas por medidas através das quais o governo procura fazer face aos mais agudos problemas de conjuntura. O afrouxamento do ritmo de desenvolvimento, a baixa da produção agrícola, os défices sempre crescentes, do comércio externo, a inflacção, a acentuação do atraso relativo da economia portuguesa em relação às economias dos outros países europeus, mostram a incapacidade do regime para promover o aproveitamento dos recursos nacionais, o fracasso da «reconversão agrícola» e a asfixia da economia portuguesa pela dominação monopolista, pelas limitações do mercado interno provocadas pela política de exploração e miséria das massas e pela subjugação ao imperialismo estrangeiro. (...) O processo de integração europeia, dado o atraso da economia portuguesa, agravará a situação.

Os monopólios dominantes e o seu governo procuram sair das contradições e dificuldades, assegurar altos lucros, apressar a acumulação, conseguir uma capacidade competitiva no mercado internacional: 1) intensificando ainda mais a exploração da classe operária e das massas trabalhadoras; 2) aumentando os impostos; 3) dando curso à subida dos preços; 4) apressando a centralização e a concentração; 5) pondo de forma crescente os recursos do Estado ao serviço dos monopólios; 6) submetendo de forma crescente a economia portuguesa ao imperialismo estrangeiro; 7) procurando assegurar as fontes externas para o equilíbrio financeiro, designadamente turismo e remessas de emigrantes.

No plano económico, tal orientação encaminhará o país para uma grave crise. No plano social e político, a evolução da situação económica tenderá a aumentar a tensão social e a intensificar a luta de classes.

Álvaro Cunhal , in "Sobre a Situação Política e as Tarefas do Partido (1973)"
 
Retirado de Citador
 
14
Ago15

Ricardo Araújo Pereira - Juramentos em tempo de crise

olhar para o mundo

 

Ricardo Araújo Pereira - Juramentos em tempo de crise

Juro por minha honra desempenhar fielmente as funções em que fico investido e defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa, a menos que o FMI não aprecie a nossa lei fundamental e, por isso, seja melhor fingir que ela não existe. Nesse caso, optarei por engonhar em vez de pedir a fiscalização preventiva de orçamentos obviamente inconstitucionais, para não arreliar os senhores da troika e o próprio Durão Barroso.

 

Creio em um só Deus, os Mercados todo-poderosos, criadores do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis, e também das incompreensíveis, como a flutuação das taxas de juro da dívida pública e o rating do País. Creio em um só Senhor, o Capital, filho unigénito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, cujos caminhos são misteriosos, uma vez que há operações financeiras que ninguém percebe exactamente como funcionam, como os swaps e os contratos das PPP. Por Ele todas as coisas foram privatizadas. E por nós, devedores, e para nossa salvação desceu dos Céus para nos levar 20% do salário e da reforma, o subsídio de férias e a pensão de sobrevivência. Ámen.

 

Juro, como português e como militar, guardar e fazer guardar a Constituição e as leis da República, servir as Forças Armadas e cumprir os deveres militares, contanto que o funcionamento dos nossos órgãos de soberania não irrite o Presidente José Eduardo dos Santos. Juro defender a minha Pátria e estar sempre pronto a lutar pela sua liberdade e independência, mesmo com o sacrifício da própria vida, excepto quando o regime angolano se incomodar com a extensão da nossa liberdade e independência, altura em que pedirei desculpa por existir.

 

Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade, se o ministro da Saúde assim mo permitir. Exercerei a minha arte com consciência e dignidade nos poucos serviços de urgência que se mantiverem abertos. A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação, desde que os tratamentos não sejam demasiado onerosos. Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica, junto de enfermeiros sub-contratados e pagos a menos de 4 euros à hora. Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente. Já bastam as horas extraordinárias motivadas pela escassez de pessoal a perturbarem-me o raciocínio. Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana, desde que o titular dessa Vida Humana tenha dinheiro para suportar o aumento das taxas moderadoras e a diminuição da comparticipação de medicamentos e exames de diagnóstico.


Retirado da Visão

29
Jun15

Júlio Isidro - NÃO, NÃO ESTOU VELHO !!! NÃO SOU É SUFICIENTEMENTE NOVO PARA JÁ SABER TUDO !

olhar para o mundo

julioisidro.gif

 

NÃO, NÃO ESTOU VELHO !!!

 

NÃO SOU É SUFICIENTEMENTE NOVO PARA JÁ SABER TUDO !
 
Passaram 40 anos de um sonho chamado Abril.
E lembro-me do texto de Jorge de Sena….
Não quero morrer sem ver a cor da liberdade.
Passaram quatro décadas e de súbito os portugueses ficam a saber, em espanto, que são responsáveis de uma crise e que a têm que pagar…. civilizadamente,  ordenadamente, no respeito  das regras da democracia, com manifestações próprias das democracias e greves a que têm direito, mas demonstrando sempre o seu elevado espírito cívico, no sofrer e ….calar.
 
Sou dos que acreditam na invenção desta crise.
 
Um “directório” algures decidiu que as classes médias estavam a viver acima da média. E de repente verificou-se que todos os países estão a dever dinheiro uns aos outros…. a dívida soberana entrou no nosso vocabulário e invadiu o dia a dia.
Serviu para despedir, cortar salários, regalias/direitos do chamado Estado Social e o valor do trabalho foi diminuído, embora um nosso ministro tenha dito decerto por lapso, que “o trabalho liberta”, frase escrita no portão de entrada de Auschwitz.
Parece que alguém anda à procura de uma solução que se espera não seja final.
Os homens nascem com direito à felicidade e não apenas à estrita e restrita sobrevivência.
Foi perante o espanto dos portugueses que os velhos ficaram com muito menos do seu contrato com o Estado que se comprometia devolver o investimento de uma vida de trabalho.
Mas, daqui a 20 anos isto resolve-se.
Agora, os velhos atónitos, repartem o dinheiro entre os medicamentos e a comida.
E ainda têm que dar para ajudar os filhos e netos num exercício de gestão impossível.
A Igreja e tantas instituições de solidariedade fazem diariamente o milagre da multiplicação dos pães.
Morrem mais velhos em solidão, dão por eles pelo cheiro, os passes sociais impedem-nos de  sair de casa,  suicidam-se mais pessoas, mata-se mais dentro de casa, maridos, mulheres e filhos mancham-se  de sangue, 5% dos sem abrigo têm cursos superiores, consta que há cursos superiores  de geração espontânea, mas 81.000  licenciados estão desempregados.
Milhares de alunos saem das universidades porque não têm como pagar as propinas, enquanto que muitos desistem de estudar para procurar trabalho.
Há 200.000 novos emigrantes, e o filme “Gaiola Dourada”  faz um milhão de espectadores.
Há terras do interior, sem centro de saúde, sem correios e sem finanças, e os festivais de verão estão cheios com bilhetes de centenas de euros.
Há carros topo de gama para sortear e autoestradas desertas. Na televisão a gente vê gente a fazer sexo explícito e explicitamente a revelar histórias de vida que exaltam a boçalidade.
Há 50.000 trabalhadores rurais que abandonaram os campos, mas há as grandes vitórias da venda de dívida pública a taxas muito mais altas do que outros países intervencionados.
Há romances de ajustes de contas entre políticos e ex-políticos, mas tudo vai acabar em bem...estar para ambas as partes.
Aumentam as mortes por problemas respiratórios consequência de carências alimentares e higiénicas, há enfermeiros a partir entre lágrimas para Inglaterra e Alemanha para ganharem muito mais do que 3 euros à hora, há o romance do senhor Hollande e o enredo do senhor Obama que tudo tem feito para que o SNS americano seja mesmo para todos os americanos. Também ele tem um sonho…
Há a privatização de empresas portuguesas altamente lucrativas e outras que virão a ser lucrativas. Se são e podem vir a ser, porque é que se vendem?
E há a saída à irlandesa quando eu preferia uma…à francesa.
Há muita gente a opinar, alguns escondidos com o rabo de fora.
E aprendemos neologismos como “in conseguimento” e “irrevogável” que quer dizer exactamente o contrário do que está escrito no dicionário.
Mas há os penaltis escalpelizados na TV em câmara lenta, muito lenta e muito discutidos, e muita conversa, muita conversa e nós, distraídos.
E agora, já quase todos sabemos que existiu um pintor chamado Miró, nem que seja por via bancária. Surrealista…
Mas há os meninos que têm que ir à escola nas férias para ter pequeno- almoço e almoço.
E as mães que vão ao banco alimentar contra a fome , envergonhadamente , matar a fome dos seus meninos.
É por estes meninos com a esperança de dias melhores prometidos para daqui a 20 anos, pelos velhos sem mais 20 anos de esperança de vida e pelos quarentões com a desconfiança de que não mudarão de vida, que eu não quero morrer sem ver a cor de uma nova liberdade.

Júlio Isidro

 

(Recebido por mail)

Direitos de Autor


Todas as imagens que estão no blog foram retiradas do Facebook, muitas delas não tem referência ao autor ou à sua origem, se porventura acha que tem direitos sobre alguma e o conseguir provar, por favor avise-me que será retirada de imediato.

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2018
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2017
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2016
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D
  40. 2015
  41. J
  42. F
  43. M
  44. A
  45. M
  46. J
  47. J
  48. A
  49. S
  50. O
  51. N
  52. D