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Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

20
Jun17

Miguel Esteves Cardoso - Com este calor?

olhar para o mundo

 

Com este calor?

Hoje vais à praia? Com este calor? Vais ficar em casa? Com este calor? Então o que é que vais fazer? Estás mesmo a perguntar-me isso? Com este calor?

"Vem almoçar comigo" é o convite. "Gostas de bacalhau?" é a pergunta. E a resposta é sempre a mesma: com este calor? Com este calor? És maluco ou quê?

O calor é a melhor das desculpas. Já acabaste o relatório? Com este calor? Posso contar contigo amanhã? Dás-me boleia até Fontanelas? Com este calor?

O que é que achaste do conselho que nos deu o nosso presidente, a pedir que não nos deslumbrássemos com o rating que a Fitch deu a Portugal? O rating que continua a dizer que somos lixo? Sim, esse mesmo! Estás a falar a sério? Com este calor?

Hoje vais à praia? Com este calor? Vais ficar em casa? Com este calor? Então o que é que vais fazer? Estás mesmo a perguntar-me isso? Com este calor?

Está um dia lindo, não está? Com este calor? Deixe-me já aqui, se não se importa. Com este calor? Fique sabendo que eu sou de esquerda. Com este calor? Estou a falar a sério! Com este calor? Não puxe por mim. Com este calor? Está a brincar comigo? Mas alguém brinca com alguém, com este calor?

Ai, que me dá uma coisa. Ah, sim? Com este calor? Faça favor de se ir embora! Com este calor?

 

Miguel Esteves Cardoso

Retirado do Público

15
Mai17

Miguel Esteves Cardoso - Muitos, muitos pontos de exclamação para Salvador Sobral!

olhar para o mundo

Muitos, muitos pontos de exclamação para Salvador Sobral!

Viva o Portugal de Salvador Sobral por ser bom sem se armar em bom e por mostrar que a arte e a alma andam juntas e que nada há nesta vida e neste mundo que seja mais forte!

Viva o Portugal de Salvador Sobral por ter desenguiçado uma longa história de derrotas em que ganhar era não ficar em último e vencer era conseguir mais do que zero votos! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral pelo humor na hora da vitória, a dizer perante a Eurovisão inteira que "estava tudo comprado"! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral pela justiça e pela generosidade de ter imediatamente agradecido a Luís Figueiredo o bonito arranjo da canção de Luísa Sobral que ele cantou tão bem! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral pela inteligência de ter dito, no momento da consagração, que daqui a um mês tudo estaria esquecido - porque não estará nem deveria estar, mas é bonito ouvir! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral por se ter marimbado na transmissão da canção vencedora - "Amar Pelos Dois" - para ir buscar Luísa Sobral, a compositora, intérprete e irmã, para cantar com ele, muito bem e cheia de amor! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Luísa Sobral por ter escolhido o irmão Salvador para cantar a canção que ela escreveu e a canção com que eles, irmã e irmão, ganharam a final da Eurovisão de 2017! Obrigados e parabéns! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral pela sensibilidade de ter dedicado a vitória dele não à família nem aos portugueses mas a uma comunidade muito mais importante e merecedora: a dos músicos! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral por ter sido valente na cara de todas as contrariedades e de todas as cantilenas azaradas, derrotistas e miseráveis de sempre! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral por ter pensado humildemente - e dito em público - que ninguém ia ligar à vitória dele porque o clube dele, o Benfica, tinha ganho, nesse mesmo dia, o campeonato nacional! É assim mesmo!

Viva o Portugal de Salvador Sobral por ser bom sem se armar em bom e por mostrar que a arte e a alma andam juntas e que nada há nesta vida e neste mundo que seja mais forte! É assim mesmo!

E finalmente, por ser verdade e ser preciso, viva Salvador Sobral sozinho, sem a ajuda de ninguém, livre de todos nós porque, por muito que ele proteste e por muito que nós os portugueses nos colemos a ele, foi ele sozinho que ganhou em Kiev e é isso, sobretudo, que jamais será esquecido!

É mesmo assim.

 

Miguel Esteves Cardoso

Retirado do Público

14
Mar17

No Amor Começa-se Sempre a Zero - Miguel Esteves Cardoso

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No Amor Começa-se Sempre a Zero

Fazer um registo de propriedade é chato e difícil mas fazer uma declaração de amor ainda é pior. Ninguém sabe como. Não há minuta. Não há sequer um despachante ao qual o premente assunto se possa entregar. As declarações de amor têm de ser feitas pelo próprio. A experiência não serve de nada — por muitas declarações que já se tenham feito, cada uma é completamente diferente das anteriores. No amor, aliás, a experiência só demonstra uma coisa: que não tem nada que estar a demonstrar coisíssima nenhuma. É verdade — começa-se sempre do zero. Cada vez que uma pessoa se apaixona, regressa à suprema inocência, inépcia e barbárie da puberdade. Sobem-nos as bainhas das calças nas pernas e quando damos por nós estamos de calções. A experiência não serve de nada na luta contra o fogo do amor. Imaginem-se duas pessoas apanhadas no meio de um incêndio, sem poderem fugir, e veja-se o sentido que faria uma delas virar-se para a outra e dizer: «Ouve lá, tu que tens experiência de queimaduras do primeiro grau...»

Pode ter-se sessenta anos. Mas no dia em que o peito sacode com as aurículas a brincar aos carrinhos-de-choque com os ventrículos, Deus Nosso Senhor carrega no grande botão «CLEAR» que mandou pôr na consola consoladora dos nossos corações. Esquece-se tudo. Que garfo usar com o peixe. Que flores comprar. Que palavras dizer. Que gravata com que raio de casaco hei-de usar? Sabe-se nada. Nicles.

Olha-se para as mãos e parece uma cena de transformação dum filme de lobisomens — de onde outrora havia aqueles dedos tão ágeis e pianistas, brotam dez abortos de polegares. E o vinho entorna-se só de pensar nisso. E as solas dos sapatos passam a atrair magneticamente todos os excrementos caninos da cidade. E a voz que era toda FM Estéreo da Comercial quando vai para dizer «Gosto muito de ti» fica repentinamente Abelha Maia.

Tenha-se 17 ou 71 anos, regressa-se automaticamente aos 13 — à terrível idade do Clearasil e das sensações como que de absorção. Quem se apaixona dá mesmo saltos no ar e diz «Uau!» quando o Pai deixa usar a pasta de dentes dele. Qual «ternura dos quarenta», qual bota da tropa cheia de minhocas! O amor é sempre uma anormalidade que provoca graves atrasos mentais.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Os Meus Problemas'
 
Retirado de Citador
08
Mar17

Miguel Esteves Cardoso - Carta a Deus

olhar para o mundo

 

Deus,

Bem avisaste que eras um Deus invejoso e vingativo. Também sei que Job era um caso-limite: uma ameaça do que eras capaz. Nem eu nem a Maria João temos um milésimo da obediência e da resignação de Job. E castigaste-nos menos. Mas foi de mais.

De certeza absoluta que nos amamos mais um ao outro do que te amamos a Ti. Sabemos que isto não está certo. Mas foste Tu que nos fizeste assim. Admite: deste-nos liberdade de mais. Foste presunçoso: pensaste que Te escolheríamos sempre primeiro. Enganaste-Te. Quando inventaste o amor, esqueceste-Te de que seria mais popular entre os seres humanos do que entre os seres humanos e Tu. Por uma questão de tangibilidade. E, desculpa lá, de feitio. Tu, Deus, tens o pior das arrogâncias feminina e masculina. Achas que só existes Tu. Como Deus, até é capaz de ser verdade. Mas, para quereres ser um Deus real e humanamente amado, tens de aprender a ser um amor secundário. Sabemos que és Tu que mandas e acreditamos que há uma razão para tudo o que fazes, mesmo quando toda a gente se lixa, porque não nos deste cabeça para Te compreender. Esta deficiência foi uma decisão tua: não quiseste dar-nos a inteligência necessária.

Mas deste-nos cabeça suficiente para Te dizer, cara a cara, que nos preocupamos mais com os entes amados do que contigo.

Ajuda a Maria João, se puderes. Se não puderes, não dificultes a vida a quem pode ajudar. Faz o que só um Deus pode fazer: reduz-te à tua significância. Que é tão grande.

 

Miguel Esteves Cardoso

 

Retirado do Público

08
Mar17

Frases de Miguel Esteves Cardoso no Facebook - Deus existe porque o homem sozinho não consegue existir

olhar para o mundo

deusMEC.jpg

 

Deus existe porque o homem sozinho não consegue existir. Morre. Vive um bocadinho, faz umas coisas e depois morre. Deus existe porque a Arte não é suficiente. Deus existe porque o Amor não chega. Deus existe porque o homem sozinho é pior. É mais mau. É mais triste. É mais só.

 

Miguel Esteves Cardoso

 

07
Mar17

Portugal: o melhor país do mundo para portugueses e estrangeiros - Miguel Esteves Cardoso

olhar para o mundo

portugal.jpg

 

Quer queiramos, quer não – tão poucas palavras, tanto verbo querer –, Portugal não é o pior país do mundo. Mas – porque querer é poder – até pode ser. Ser português é ser capaz de pensar como é que Portugal pode ser o pior país do mundo e nós, os que cá vivemos, os mais desgraçados habitantes.

 

Portugal pode ser o pior porque, atendendo aos muitos benefícios que Deus lhe deu – o clima, a beleza das paisagens, o sabor das azeitonas e das uvas, mais tudo aquilo que existe sem ser pelo mérito dos portugueses –, Portugal poderia ser muito melhor do que é.

 

Quando agradecemos o bom tempo, a luz e as praias, está implícito que só continuamos a dispor destas coisas boas porque os políticos não conseguiram até hoje arranjar maneira de vendê-las ou estragá-las de uma vez por todas.

 

Assim, o Portugal que temos é o que resta milagrosamente das piratarias dos nossos dirigentes através dos séculos. Não conseguimos elogiar pessoas como Gonçalo Ribeiro Telles por ter criado parques naturais. Preferimos aplaudi-lo por ter impedido os políticos corruptos de ter vendido tudo em lotes aos construtores civis.

 

Um português não consegue olhar para a paisagem mais bonita sem ter consciência de que não deve faltar muito para ir para o galheiro. “Por enquanto, é assim... sabe-se lá por quanto tempo...”

 

Assim se traz tristeza e desespero à contemplação. Da mesma maneira se olha para as paisagens arruinadas, sem qualquer impulso de esperança ou de activismo: “Aqui fizeram o que queriam e o resultado está à vista...”

 

Só um português sabe o difícil que é defender Portugal em Portugal ou os portugueses junto dos portugueses. A primeira objecção é logo a mais devastadora: “Mas quem é que está a atacar Portugal e os portugueses para tu estares aí todo empenhadinho em defendê-los?”

 

Só os estrangeiros podem atacar Portugal e os portugueses. Se o fazem, ninguém perdoa ou descansa enquanto não forem violentamente rebatidos. Os estrangeiros têm de amar Portugal ou levar a sua falta de amor para outro lugar.

 

Resultado: é tão difícil ser-se estrangeiro em Portugal como português. É uma coisa que se partilha, essa dificuldade, felizmente.

 

Para ouvir portugueses a elogiar Portugal, é preciso atacar Portugal para provocá-los. Nem é preciso ser um ataque desmesurado: basta um insultozinho qualquer.

 

Mesmo assim, não quis fazer uma edição do P2 em que se apresentasse Portugal como o pior país do mundo e os portugueses como os mais violentados cidadãos. Isso já acontece todos os dias.

 

Portugal pode não ser perfeito mas não é nada mau. É de longe o país com mais pessoas portuguesas e mais coisas portuguesas. Para quem gosta de pessoas e coisas portuguesas, Portugal é o melhor sítio onde perseguir esses gostos.

 

Não, não é um paraíso. É um país. Nem é por ser o nosso – a gente sabe lá de quem é. É apenas aquele em que, se não formos estrangeiros, nos podemos queixar à vontade de Portugal e dos portugueses sem que ninguém levante uma sobrancelha. 

 

Miguel Esteves Cardoso

Retirado do Público

15
Fev17

Miguel Esteves Cardoso - Para a Maria João

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Para a Maria João

Eu sou apenas a sorte de poder amar-te. Continua como tu és, Maria João, milagre da minha vida.

Para além do amor existes tu. Para além da pessoa que eu amo há o amor que é a tua pessoa a existir. E, por sorte, ao pé de mim.

Para além do amor estás tu. Como se o amor não bastasse, estás tu como tu és, a apaixonar-me. Para além do amor és tu a razão de viver de boca aberta de riso e de pasmo, nas palminhas das tuas mãos.

 

Para além do amor dás-me os dias de vida, cada um mais inteiro do que o anterior, ao ponto de limpar toda a saudade.
Para além do amor entregas-me o futuro, como a doçura de um momento seguinte que eu nem sinto chegar mas que à mesma me leva com ele. Para além do amor levas-me tu, para onde ninguém vai sozinho, pelo ar. As flores estão todas contigo, Maria João.


 

Deixas-me ser a tua pressa. Deixas-me ser o teu amigo. Deixas-me ser quem eu era quando nasci. Para além do amor existe a tua graça. Para além do amor há o teu prazer, a tua beleza, a nossa casa e o tempo a que fazemos os dois frente, para que não ouse passar sem ser por nós.

Deixa-me continuar até morrer. Contigo eu nunca hei-de morrer. Já adormecer ao teu lado é difícil, quanto mais deixar de viver. Deixa-me viver.

 

Para além do amor continuas tu. Continua. Tu és a pessoa verdadeira que eu amo. Tu és a verdade da minha alma.

 

Tu és o amor, Maria João. Eu sou apenas a sorte de poder amar-te. Continua como tu és, Maria João, milagre da minha vida.

 

Miguel Esteves Cardoso

Retirado do Público

14
Fev17

Miguel Esteves Cardoso - Quando nos Apaixonamos

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Quando nos Apaixonamos

Quando nos apaixonamos, ou estamos prestes a apaixonar-nos, qualquer coisinha que essa pessoa faz – se nos toca na mão ou diz que foi bom ver-nos, sem nós sabermos sequer se é verdade ou se quer dizer alguma coisa — ela levanta-nos pela alma e põe-nos a cabeça a voar, tonta de tão feliz e feliz de tão tonta. E, logo no momento seguinte, larga-nos a mão, vira a cara e espezinha-nos o coração, matando a vida e o mundo e o mundo e a vida que tínhamos imaginado para os dois. Lembro-me, quando comecei a apaixonar-me pela Maria João, da exaltação e do desespero que traziam essas importantíssimas banalidades. Lembro-me porque ainda agora as senti. Não faz sentido dizer que estou apaixonado por ela há quinze anos. Ou ontem. Ainda estou a apaixonar-me.

Gosto mais de estar com ela a fazer as coisas mais chatas do mundo do que estar sozinho ou com qualquer outra pessoa a fazer as coisas mais divertidas. As coisas continuam a ser chatas mas é estar com ela que é divertido. Não importa onde se está ou o que se está a fazer. O que importa é estar com ela. O amor nunca fica resolvido nem se alcança. Cada pormenor é dramático. De cada um tudo depende. Não é qualquer gesto que pode ser romântico ou trágico. Todos os gestos são. Sempre. É esse o medo. É essa a novidade. É assim o amor. Nunca podemos contar com ele. É por isso que nos apaixonamos por quem nos apaixonamos. Porque é uma grande, bendita distracção vivermos assim. Com tanta sorte.

Miguel Esteves Cardoso, in 'Jornal Público (14 Fev 2012)'
 
retirado de Citador
01
Fev17

Miguel Esteves Cardoso - Pela nacionalidade

olhar para o mundo

 

Pela nacionalidade

Trump não sabe o que está a fazer. Não é isso que o interessa. Ele faz o que faz para mostrar que é capaz de fazer. Trump não está só a ser um político: está a exercer o poder. E a divertir-se com as reacções.

Ele não pode continuar a ser tratado como uma ovelha negra. É o Presidente dos EUA. Não são as opiniões nem os tweets dele que interessam: são as acções. Reagir às acções executivas do Presidente dos EUA com protestos é música para os ouvidos dele. Às acções responde-se com acções.

Trump proibiu a entrada de pessoas nos EUA de acordo com a nacionalidade delas. Esta discriminação é inaceitável. Não adianta nada discutir as nacionalidades e as respectivas culpas no cartório terrorista: isso é aceitar o critério dele.

O que Trump pensa acerca dos muçulmanos não interessa. Interessa são as acções dele. Interessam, sobretudo, as acções dele que vão contra os direitos humanos de seres humanos, seja de que nacionalidade, crença religiosa ou raça formos. Os direitos humanos de todos os seres humanos são activamente canceladas pela decisão de Trump de discriminar conforme a nacionalidade.

As pessoas não têm de dizer que não têm culpa de serem portuguesas, paquistanesas ou americanas. Quando Trump atacou, de facto, exercendo o poder que tem, os direitos de pessoas de várias nacionalidades, o que temos de ouvir é "atacou a nacionalidade". A única resposta é proibir o livre movimento de cidadãos dos EUA enquanto Trump não levantar a proibição. Fogo com fogo se combate. É assim que a política se faz.

 

Miguel Esteves Cardoso

Retirado do Público

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