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Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

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20
Set16

Humor no facebook - Regras para namorar minha filha

olhar para o mundo

pai.jpg

 

 

1. Arrume um emprego antes namorar minha princesa.
2. Entenda que eu não gosto de você.
3. Eu estou em todos os lugares.
4. Se você machucá-la, eu vou te machucar.
5. Traga ela de volta antes do horário combinado.
6. Arrume um advogado.
7. Se você mentir para mim, eu vou descobrir.
8. Ela é minha princesa, não sua conquista.
9. Encontros apenas em lugares públicos, se quer um romance, leia um livro.
10. O que você fizer com ela, eu farei com você.

 

 

24
Jun16

José Luís Peixoto - Pai, Quero que Saibas

olhar para o mundo

José Luís Peixoto

 

Pai, Quero que Saibas

 

É o teu rosto que encontro. Contra nós, cresce a manhã, o dia, cresce uma luz fina. Olho-te nos olhos. Sim, quero que saibas, não te posso esconder, ainda há uma luz fina sobre tudo isto. Tudo se resume a esta luz fina a recordar-me todo o silêncio desse silêncio que calaste. Pai. Quero que saibas, cresce uma luz fina sobre mim que sou sombra, luz fina a recortar-me de mim, ténue, sombra apenas. Não te posso esconder, depois de ti, ainda há tudo isto, toda esta sombra e o silêncio e a luz fina que agora és. 

José Luís Peixoto, in 'Morreste-me'

09
Mar16

Pai - José Luís Peixoto

olhar para o mundo

Pai

Pai. A tarde dissolve-se sobre a terra, sobre a nossa casa. O céu desfia um sopro quieto nos rostos. Acende-se a lua. Translúcida, adormece um sono cálido nos olhares. Anoitece devagar. Dizia nunca esquecerei, e lembro-me. Anoitecia devagar e, a esta hora, nesta altura do ano, desenrolavas a mangueira com todos os preceitos e, seguindo regras certas, regavas as árvores e as flores do quintal; e tudo isso me ensinavas, tudo isso me explicavas. Anda cá ver, rapaz. E mostravas-me. Pai. Deixaste-te ficar em tudo. Sobrepostos na mágoa indiferente deste mundo que finge continuar, os teus movimentos, o eclipse dos teus gestos. E tudo isto é agora pouco para te conter. Agora, és o rio e as margens e a nascente; és o dia, e a tarde dentro do dia, e o sol dentro da tarde; és o mundo todo por seres a sua pele. Pai. Nunca envelheceste, e eu queria ver-te velho, velhinho aqui no nosso quintal, a regar as árvores, a regar as flores. Sinto tanta falta das tuas palavras. Orienta-te, rapaz. Sim. Eu oriento-me, pai. E fico. Estou. O entardecer, em vagas de luz, espraia-se na terra que te acolheu e conserva. Chora chove brilho alvura sobre mim. E oiço o eco da tua voz, da tua voz que nunca mais poderei ouvir. A tua voz calada para sempre. E, como se adormecesses, vejo-te fechar as pálpebras sobre os olhos que nunca mais abrirás. Os teus olhos fechados para sempre. E, de uma vez, deixas de respirar. Para sempre. Para nunca mais. Pai. Tudo o que te sobreviveu me agride. Pai. Nunca esquecerei.

José Luís Peixoto, in 'Morreste-me'
 
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