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Pontos de Vista

Porque tudo na vida tem um ponto de vista

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07
Set16

Um Povo Resignado e Dois Partidos sem Ideias - Guerra Junqueiro

olhar para o mundo

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Um Povo Resignado e Dois Partidos sem Ideias

 

Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta. [.]

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira a falsificação, da violência ao roubo, donde provem que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro. Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar.

Guerra Junqueiro, in 'Pátria (1896)'

 

Retirado de Citador

17
Mai16

Não Existe País Com Governo Corrupto E População Honesta – Leandro Karnal

olhar para o mundo

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"Não Existe País Com Governo Corrupto E População Honesta” 

 

O atual momento político vivido pelo Brasil reforça a discussão sobre o papel da ética no cotidiano. Esta é a oportunidade de se exercitar esta postura tão cobrada de governos e empresas, estimulada principalmente pelas revelações com as investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal.

 

Há um interesse coletivo sobre o tema atualmente. Mas, está faltando, além da crítica à falta de ética em Brasília e das grandes empreiteiras, que nós consigamos pensar na microfísica do poder, ou seja, na falta de ética na escola, nas famílias e nas empresas. Não existe país no mundo em que o governo seja corrupto e a população honesta e vice-versa.

 

Aquilo que a França discutiu com mais violência e com mais sangue naquela época (Revolução Francesa – Século 18) nós estamos discutindo agora, com menos violência e menos sangue, mas com bastante intransigência.

 

A participação das massas não garante a lisura dos processos. Principalmente se lembrarmos que o primeiro plebiscito da história foi quando as massas tiveram que escolher entre Jesus e um ladrão e optaram pelo ladrão. Mas estas discussões são um passo importante para este treinamento difícil e permanente que significa o exercício democrático. O ruim deste momento é que pouca gente escuta e muita gente dá opinião.

 

Parte desta liberdade se deve à democratização do país e à independência do Judiciário e da Polícia Federal. Já que durante a ditadura militar e há até pouco tempo, os escândalos que vinham à tona eram os que envolviam os governos anteriores. A ética no Brasil era a ética da oposição ou do governo passado. Até então o governo nunca tinha tido um problema com o atual governo. Então nós temos hoje na prisão eminências pardas do poder. Isto é uma novidade.

 

(Professor e historiador, da Universidade Estadual de Campinas, Leandro Karnal  em palestra em Francisco Beltrão, no sudoeste do Paraná. Trecho)

 

Leandro Karnal

Leia mais textos de Leandro Karnal aqui:

 

Retirado de Portal Raizes

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